quinta-feira, 14 de maio de 2015

Mais informações sobre o chá - parte 2

Chás e “chás”

Se chá é a bebida que vem da planta Camellia sinensis, você deve estar se perguntando: “e os outros chás, como o chá de camomila e o chá de erva doce”?
Aqui precisamos fazer uma pausa para explicar uma questão de nomenclatura.
Em chinês escrito – e em japonês também – o chá, o da Camellia sinensis, é representado pelo seguinte ideograma:

Esse ideograma é lido em mandarim e em japonês como “tchá”, e no dialeto amoy, falado na região de Fujian na China – uma das principais regiões produtoras de chá do mundo – como “tê”.
O chá chegou à Europa ocidental através de carregamentos vindos da Ásia, e dependendo do dialeto falado nos portos chineses que exportavam o chá, a palavra incorporou-se aos idiomas ocidentais com um som similar ao de sua origem. Assim, o “tê” da região de Fujian virou o thé francês, o te italiano, o tea inglês e o Tee alemão. Os portugueses adquiriam o chá em Macau, colônia portuguesa na China onde se falava o dialeto cantonês, que se parece com o mandarim, e assim o “tchá” falado por eles virou o nosso chá.
Na Europa ocidental não havia o chá propriamente dito – por isso importava-se e até hoje importa-se o produto. Mas haviam outras ervas e frutas locais das quais se podiam produzir infusões, como a hortelã, a camomila, a erva doce, a maçã, a pera e frutinhas vermelhas como amoras e morangos, que obviamente têm sabor e propriedades diferentes da Camellia sinensis. Mas como o processo de se obter a bebida é o mesmo – ferver uma planta em água – tudo quanto é tipo de infusão em água quente passou a ser popularmente chamado de “chá”. Assim, as infusões herbais e as infusões de frutas, embora não fossem de chá propriamente ditas, também passaram a ser chamadas de “chá”.
Não se trata de uma questão meramente lingüística. O chá, o da Camellia sinensis, possui cafeína – um estimulante da atividade cardiovascular e da circulação sangüínea – mas diferentemente da cafeína do café, que é rapidamente absorvida pelo corpo, a cafeína do chá é absorvida de forma mais lenta. A cafeína em si não é prejudicial à saúde – muito ao contrário, é bastante recomendada desde que não tomada em excesso. E é curioso observar que tamanha é a complexidade da composição química da Camellia sinensis, que é impressionante constatar a variedade de sabores e aromas que um só tipo de planta pode gerar. As infusões herbais em geral não têm cafeína, não possuem um leque de sabor e aroma tão variado quanto o chá, e via de regra são adocicadas e suaves (mas há, decerto, infusões amargas bastante populares como a de boldo e do mate).
Existe uma “dica” lingüística que nos permite diferenciar um chá de uma infusão herbal. Nas infusões herbais, a palavra “chá” é sempre seguida da expressão “de alguma coisa”. Por isso nas embalagens lê-se “chá de camomila”, “chá de boldo”, “chá de maçã”, etc. O mate é um caso à parte (embora muitos achem que o mate é chá, ele é uma erva diferente, e o correto é não usar nas embalagens de mate a palavra “chá”: mate é só “mate”).
Os chás, os derivados da Camellia sinensis, são descritos por tipo ou apelidados de acordo com sua origem, e nas embalagens não se usa a expressão “de”. Assim, o chá pode ser descrito pelo tipo como “chá verde”, “chá oolong” (fala-se “úlon”) ou “chá preto”. Tipos de chá que foram apelidados em função da origem são, por exemplo, “chá assam”, “chá darjeeling”, “chá nilgiri” (nomes de regiões da Índia). Existem também algumas misturas (chás de tipos diferentes misturados entre si e/ou com elementos aromatizantes) como “English Breakfast” e “Earl Grey”.
Apenas para se ter uma idéia da variedade de chás e de infusões herbais e de frutas existentes, a Mariage Frères, renomada casa francesa especializada em chás desde 1854, trabalha com 300 tipos de chás e infusões do mundo inteiro.

http://www.culturajaponesa.com.br/?page_id=534

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