terça-feira, 11 de agosto de 2015

História do leque

O leque é um instrumento utilitário e um adereço. Através do movimento feito com o leque o ar é direcionado até nossa pele, facilitando o resfriamento e diminuindo a sensação de calor. Devido ao suor forma-se uma camada de ar quente e úmido que dificulta a transpiração. Com os movimentos feitos com o leque, este ar quente é retirado, permitindo a evaporação do suor.
Ao que parece os leques surgiram em diferentes partes do mundo ao mesmo tempo, sendo tão antigo o seu uso quanto a existência do homem. Há relevos e pinturas que atestam a antiguidade do uso de leques remontando à XIX dinastia egípcia, existindo também testemunhos de seu uso na Assíria, Pérsia ou Índia. Estes leques não podiam ser abertos e fechados como os conhecidos hoje. Tinham um grande porte, sendo manuseados por escravos. O uso destinado aos leques então era ligado a momentos cerimoniais das classes mais elevadas. Era uma grande honra poder abanar o Faraó. Os gregos, no século V a.C. adotaram o uso dos leques. Abanar a esposa enquanto ela dormia era uma prova de amor. Os gregos foram seguidos por etruscos e romanos no uso dado ao leque e nos tipos de leques usados. Existiam escravos especialmente para abanar suas senhoras em dias de muito calor. Estes leques eram bem diferentes dos atuais, e geralmente eram de tecido ou penas. Voltando aos gregos, há uma lenda que diz que Eros, Deus do Amor, criou o leque ao arrancar uma asa de Zéfiro, o Deus do Vento do Oeste, para refrescar sua amada Psique enquanto ela dormia em um leito de rosas.
Em um primeiro contato com o Oriente, durante as Cruzadas, entre os séculos XII e XIII, teriam chegado novos tipos de leque à Europa. Mas o tipo de leque mais conhecido até os dias de hoje teve origem na China do século VII. Ao que consta um inventor, inspirado nas asas de um morcego elaborou um leque de pequeno porte que abrisse e fechasse com facilidade. E graças às asas de um morcego surgiram os leques retráteis, antepassados dos que conhecemos hoje.
Este mesmo leque inventado na China chega até o Japão, e é lá que os europeus descobrem a novidade, trazendo para a Europa em fins do século XV, pelas mãos dos portugueses quando começaram a estabelecer rotas comerciais com o Oriente. Há estudos que afirmam serem os padres jesuítas os responsáveis pela introdução na Europa e não os comerciantes. Começou a ser muito utilizado por mulheres de classes sociais elevadas, mas rapidamente popularizou-se passando a ser utilizado por todas as classes sociais.
Somente no século XVII ganha a forma com a qual é conhecido até hoje, tornando-se não apenas um instrumento utilitário como uma espécie de vitrine para expressar os gostos de uma época. Foram introduzidos barrados, relevos, incrustações e adicionados materiais nobres em sua fabricação.
Todas as sociedades tem suas regras, e em todas as sociedades, as pessoas buscam maneira de contornar estas regras sem ficarem mal diante dos demais. O leque ganhou um uso não apenas em momentos de se quebrar regras ou contorná-las, mas também tornou-se uma forma de comunicação, em momentos em que as palavras poderiam não ser adequadas. Assim criou-se uma linguagem própria do leque, servindo para enviar mensagens muito discretamente. Esta linguagem do leque ao que consta, nasceu na Corte Francesa do século XVIII. Foi na França nas cortes dos reis Luis XIV e Luis XV que o leque teve seu período áureo. Nesta época tornou-se complemento indispensável no vestuário de uma grande dama. Os materiais utilizados em seu fabrico são luxuosos, com pedras preciosas, tecidos italianos que eram considerados os mais luxuosos na época e metais preciosos. Os leques ainda não eram tão maleáveis como hoje, sendo de abertura mais rígida, de maiores dimensões e pintados por artistas famosos.
Para o Brasil a moda e uso corriqueiro dos leques só chegou já bem tarde, em pleno século XIX, com a ida da Família Real Portuguesa, e boa parte da Corte, para o Brasil. Com D. João VI foi introduzido no Brasil o costume dos leques comemorativos, nos quais eram retratados momentos importantes. No período do Império estes leques comemorativos eram feitos na China e importados para o Brasil, tendo em um lado a cena comemorativa e do outro motivos orientais decorativos.
Em seu período áureo, foi utilizado tanto por homens como por mulheres, sendo relegado hoje à companhia feminina, desde o começo do século XX.
Os leques ao longo da História tiveram diversos formatos e foram feitos com diferentes materiais. Os leques mais antigos eram feitos de penas, folhas ou pergaminho. Com o passar do tempo, também foi feito de tecido, renda, seda, sendo estas bases pintadas, bordadas com lantejoulas ou fios dourados ou prateados. Um leque comum é composto de duas partes básicas. Uma é a armação, uma base rígida, composta por hastes que se sobrepõem, que ao ser movimentada abre e fecha-o. Outra parte é a folha, feita de tecido colado à base. Há leques que ao invés de tecido são feitos com papel ou rendas. A área da folha pode variar de tamanho dependendo do tipo de leque. Os leques podem ser classificados em diferentes tipos, dependendo de sua decoração, tendo os que só são decorados de um lado e outros dos dois lados (dupla face). Há também os que tem as hastes trabalhadas e simples. Há leques com a folha e outros com ela bem reduzida, além de leques que não tem esta parte, sendo constituídos apenas pelas hastes, chamados de baralho. Os leques tradicionais atualmente tem cerca de 23 cm, mas existem os de bolso, que no século XIX eram os mais utilizados pelos homens.
Com a popularização da eletricidade, surgiram os ventiladores, que acabaram por substituir os leques na função de nos refrescar. A era dos leques enquanto utilitários chega ao fim nos anos de 1930, mas até os dias atuais, em alguns países especialmente – e em ocasiões especiais – continua sendo um acessório indispensável e sinônimo de elegância, em alguns países. Em Portugal e na Espanha o uso do leque ainda é bem difundido, estando ligado à cultura destes países de forma profunda. A fabricação de leques é reduzida no Ocidente, tendo uma faixa de preços bem variável, custando desde uma simples moedas até uma pequena fortuna. O país que mais produz leques atualmente é a China, justamente a terra onde o leque articulado foi criado.
https://imaginacaoativa.wordpress.com/2009/08/02/historia-do-leque/


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